O "Regimento João Manoel" origina-se do 6º Regimento de Cavalaria Ligeira, tendo sido criado com o Plano de Reorganização do Exército, baixado pelo Decreto nº 10.015 de 18 de agosto de 1888. A data do seu aniversário, entretanto é comemorada no dia 15 de agosto de 1889, data em que o Regimento foi organizado na cidade de Jaguarão, com a denominação de 6º Regimento de Cavalaria, sendo seu efetivo constituído pela transferência de praças do 2º e 4º Regimentos de Cavalaria Ligeira, aquartelados, respectivamente, em Jaguarão e Livramento. No período de 1890 a 1892, o Regimento ocupou aquartelamentos em Santa Vitória do Palmar, Bagé, Santana do Livramento e Dom Pedrito, onde teve seu batismo de fogo em fevereiro de 1893, durante a Revolução Federalista.
Em 1897, o então 6º Regimento de Cavalaria foi transferido para São Borja, a fim de integrar a Linha Divisionária de Comando da Fronteira das Missões, ocupando as instalações do Quartel Velho, no bairro do Passo, no dia 22 de abril.
Nos anos de 1914 e 1915, participou da Revolta do Contestado com um contingente de 45 homens.
Teve sua denominação modificada, em 1º de janeiro de 1920, para 2º Regimento de Cavalaria Independente.
Em 28 de outubro de 1924, o 2º R C I aderiu, com parte de seu efetivo, à Rebelião Militar que deu origem à Coluna Prestes.
O Regimento ocupou seu atual aquartelamento em 26 de julho de 1927. O local foi escolhido pelo Marechal Rondon, a fim de preservar a Cruz Grande, que marca o sítio histórico onde se travou o Combate de São Borja, em seu interior.
Em 03 de outubro de 1930, em conseqüência do Movimento Revolucionário, parte do seu efetivo emigrou para a Argentina, sendo o Regimento reorganizado em 07 de outubro.
Em 28 de agosto de 1932, durante a Revolução Constitucionalista, o 2º R C I deslocou-se para a região de Rincão, a fim de combater as forças revolucionárias, regressando ao Quartel em 10 de setembro.
Por Decreto Presidencial de 29 de abril de 1937, o 2º R C I recebeu a denominação histórica de "Regimento João Manoel", justa homenagem em que a Pátria agradecida reverencia a memória do bravo Comandante do 1º Corpo de Voluntários da Pátria que, em 10 de junho de 1865, acorreu em defesa da população da então Vila de São Borja, por ocasião da invasão paraguaia.
Em 10 de agosto de 1938, teve seu Estandarte aprovado pelo Ministro da Guerra, o qual foi ofertado ao Regimento pelo Elite Clube, atual Clube Comercial, em 15 de novembro de 1939.
Por determinação do Ministro da Guerra foi inaugurado, em 10 de junho de 1943, o Monumento aos Heróis de São Borja, um digno pedestal para a Cruz Grande, "em memória dos mortos no campo de honra e feridos no combate, elogiados e condecorados".
Nos anos de 1943 e 1944, durante a 2ª Guerra Mundial, o 2º R C I enviou três contingentes para o Centro de Recompletamento de Pessoal da Força Expedicionária Brasileira, perfazendo um total de 126 homens. Em 15 de janeiro de 1945, faleceu em operações de guerra, em Valdibura, na Itália, o Soldado João Mancias Alves, deste Regimento, o qual foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil e Cruz de Combate de 2ª Classe.
Em 1º de julho de 1946 passou a denominar-se 2º Regimento de Cavalaria e, em 21 de agosto de 1954, teve a sua Bandeira condecorada com a Ordem do Mérito Militar.
Em 16 de maio de 1973, a 1ª Divisão de Cavalaria realizou sua última carga hipomóvel, na invernada do Regimento, área onde hoje se encontra o Aeroporto João Manoel. Além do 2º R C, participaram deste evento memorável, tendo à frente o Comandante do III Exército, o 1º R C, de Itaqui; o 3º R C, de São Luiz Gonzaga; o 4º R C, de Santiago; uma Seção de Canhões Anticarro de cada Unidade; uma Bateria de Obuses do 19º G A C, de Santiago e aeronaves da Força Aérea Brasileira.
Ainda em 1973, por Decreto de 02 de julho, passou a denominar-se 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado e, em 15 de outubro recebeu, em solene formatura próxima ao antigo Q G da 1ª Brigada de Cavalaria, seus três primeiros Carros de Combate Leves M3A1, as famosas "Pererecas". Naquele momento, os cavalarianos do antigo 2º R C ouviram o relincho dos cavalos se confundir com o ronco dos motores e perceberam que, em breve, o "nobre amigo" seria substituído pelo novo ser, de corpo de aço e alma de fogo, a quem caberia conduzir o Regimento a novas e gloriosas cargas.
Em 14 de novembro de 1975 chegaram as cinco primeiras Viaturas Blindadas de Reconhecimento "Cascavel", sendo que o restante somente chegaria em 1977, juntamente com as Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal "Urutu".
Em 09 de dezembro de 1975, os restos mortais do Brigadeiro João Manoel foram transladados do Pantheon dos Heróis, em Porto Alegre, e colocados sob a Cruz Grande, na base do Monumento aos Heróis de São Borja.
Em homenagem a todos os cavalos que, galhardamente, conduziram este Regimento, a um lugar de destaque entre as Unidades de Cavalaria, foi erigido, em 15 de agosto de 1976, sobre o túmulo de Faísca, animal que mais se destacou em provas de salto, o Monumento ao Cavalo.
Com o objetivo de cultuar as tradições da Arma foi criado, em 1982, o Museu do Velho Regimento, para onde foram recolhidos diversos tipos de material utilizados pela Cavalaria Hipomóvel e objetos que fazem parte da história do Regimento. Como uma demonstração de respeito e admiração pelas tradições gaúchas, visando preservá-las, difundi-las e praticá-las, foi fundado, em 1987, o Piquete João Manoel.
Em 21 de outubro de 1996 foi inaugurado o Monumento à Força Expedicionária Brasileira, como um preito de gratidão aos pracinhas que, nos campos da Itália, mostraram o valor do Soldado Brasileiro, defendendo com suas vidas os ideais de justiça e liberdade.
Com mais de um século de existência, o Regimento já comemorou três centenários: o de criação, em 15 de agosto de 1989; o de instalação em São Borja, em 22 de abril de 1997; e o da Cruz Grande, em 29 de junho de 2000. É um Regimento com características peculiares e inconfundíveis: está construído no sítio histórico onde o Brigadeiro João Manoel travou o Combate de São Borja, repelindo o inimigo invasor, e foi a primeira Unidade do Exército a abrigar os restos mortais de seu patrono no próprio quartel, com seus militares zelando pelo repouso eterno do guerreiro.
O Regimento possui uma alma! É um ser forte, que luta, sofre e vibra. É o herdeiro do 6º R C, o cavalariano pioneiro, defensor desta fronteira. A Cruz Grande, altiva e secular, mostra ao soldado o caminho do dever. Passam-se os anos, permanece o exemplo do nosso Patrono: o combatente sempre pronto para tudo o que lhe for exigido em nome do seu Regimento e da sua Pátria. Este é o Regimento João Manoel! Esta é a síntese de sua história de lutas, glórias e sacrifícios em prol do Exército, para a grandeza do Brasil.
Segunda, 12 Outubro 2015 15:40
RESUMO HISTÓRICO DO 2º REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO "REGIMENTO JOÃO MANOEL"
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